POR QUE OS PLANETAS NÃO FALAM? (COLEÇÃO FREUDIANA)

O que é o real? O que é a realidade? As ideias correspondem de alguma forma a realidade?Haverá entre tal ideia e tal objeto uma relação de natureza? Haverá correspondência imanente ou extrínseca entre o ser e o pensar? Entre representação e a realidade?Tema que percorre todos aqueles que colocam em causa o saber e seus limites - filósofos, cientistas, epistemólogos - a realidade é, sem dúvida, o grande desafio diante do qual a psicanálise não pode recuar. Na obra freudiana, esta questão se torna evidente na insistência de Freud em buscar algo de traumático ou de irredutível à rememoração para explicar a etiologia das neuroses. Na releitura que Jacques Lacan propõe, esta questão retorna, sobretudo nos seus últimos seminários quando tenta delimitar e enfatizar a importância do registro do Real. Este livro é um ensaio, rigoroso e claro, sobre o conceito de real na psicanálise. Ele aborda consequentemente a origem deste conceito e aponta para alguns problemas clínicos, filosóficos e epistemológicos que dele decorrem. A reflexão entre ciência moderna e psicanálise permite estabelecer os pontos de divergência e convergência que os circunscrevem. Através da teoria e da vida dos grandes cientistas observa-se que, concomitante às pesquisas científicas, existe um sujeito que se respalda em um saber imaginário, muitas vezes metafísico ou ontológico. Um recorte sobre a obra de Kepler, Galileu, Newton e Descartes permite pensar a relação entre o sujeito e o projeto da ciência de se deter em apenas seus postulados. Ao percorrer questões como sentido e não-sentido, do ser e da representação, da impossibilidade e da possibilidade, este livro aponta para o limite do saber que se pretende totalizante e propõe pensar o lugar que a psicanálise responde frente à ciência. O debate entre a psicanálise e a ciência é ainda atual, já que a psicanálise ão deixa de sustentar um certo tipo de formalização, ainda que diversa da formalização científica que através das fórmulas fez calar o mundo e os astros. Exemplo disto são os matemas, passíveis de ser ensinados, que operam e tentam dar conta de um impensado como limite interno do pensamento. Eis aí uma definição do real.