Sinopse
O século XVI é uma época de grandes transformações. Não só ampliam-se os conhecimentos através da descoberta de novas terras e da invenção de instrumentos científicos, como também a ciência e a visão do mundo herdadas da antiguidade e da época medieval sofrem grandes abalos. Acelera-se a transição histórico-cultural que levará ao advento do pensamento moderno no século seguinte. O século XVI é também o cenário de grandes produções artísticas e intelectuais: Michelângelo, El Greco, Torquato Tasso, Shakespeare e Palestrina são algumas figuras do período. Nesse contexto, Montaigne representa a afirmação do espírito crítico, da razão que busca, pelos seus próprios meios - e até mesmo desconfiando de si própria -, um lugar de onde possa observar com isenção os homens, as instituições, o conhecimento, a moral, os costumes, etc. Por entre a ironia, o ceticismo e a perspicácia, é a subjetividade da cultura moderna que procura o espaço de sua realização.NESTE VOLUMEAparentemente, não há ligação entre os textos que aparecem nos Ensaios. Os temas são os mais variados: costumes, história, geografia, táticas militares teologia, tradição vultos do passado, educação, entre outros. Mas a leitura de todos eles mostra que a unidade não deve ser procurada no objeto e sim na atitude do escritor Sobre todas essas questões o sujeito se debruça e a razão se experimenta: é este sentido profundo dos Ensaios E, na medida em que a razão se exercita, descobre também que não é apenas o objeto que é múltiplo, não é apenas o mundo que é variado. Também o homem, nas peculiaridades de que se reveste, está obrigado a procurar por si mesmo na pluralidade de suas situações.