ESCLARECIMENTO E DIALÉTICA NEGATIVA: SOBRE A NEGATIVIDADE DO CONCEITO EM THEODOR W. ADORNO

A presente obra, na linha da crescente redescoberta dos sentidos críticos da obra adorniana para os desafios ético-históricos da contemporaneidade, não se contenta em mapear agudas expressões do pensamento do filósofo frankfurtiano em uma articulação genético-filosófica coerente e didática – o que já não seria pequeno mérito –, mas retoma o trajeto adorniano original de uma obsessão: a obsessão pelo negativo como potência filosófica radical. Pois tudo, inclusive o pensamento que foge à tautologia e a indignação ética, inicia com um grande “não!”. Não aos convites espúrios de racionalidades condescendentes com o intolerável; não às ofertas impudicas de conciliação com a injustiça que se comete com a vida sobre a terra; não aos sistemas e construtos lógicos que transformam, num jogo desumanizante e anti-ecológico, a qualidade do singular na quantidade medíocre do indiferenciado, da massa; não aos delírios da Totalidade. Se é verdade que o grande problema que se coloca hoje à ética, às teorias da justiça e à filosofia como um todo, é compreender como conseguimos, no dia-a-dia, suportar o insuportável, então o pensamento de Adorno, como descobre um plêiade de talentosos jovens pesquisadores, é uma das mais argutas possibilidades de ruptura dessa blindagem à racionalidade ética que herdamos do passado.