Sinopse
Pizzolatto consegue criar suspense e expectativa sem soar óbvio ao ponderar, com sabedoria, quais informações quem lê precisa receber naquele momento da trama. O resultado funciona a contento (a busca pela obviedade, inclusive, pode passar uma rasteira em alguns) e se expande quando aliado ao universo da série True Detective. Até porque soa tentador (para quem está lendo o livro pela primeira vez agora) imaginar Matthew McConaughey no papel do matador Roy, aproximação que o brilhante Killer Joe, filme de 2011, de William Friedkin, também permite e valoriza — aliás, Juno Temple também soa uma bela alternativa para Rocky.
A narrativa de Galveston é alternada entre passado e presente, fazendo com que o leitor se sinta preso à trama conforme a história se desenrola. No começo, ele acompanha Roy e Rocky na fuga pós-emboscada. Um pouco depois, o texano é visto em uma praia brincando com uma cachorra. Ele está bem mais velho, anda mancando e usa um tapa-olho que assusta as crianças do balneário. Também parou de beber (até participa de reuniões dos AA) e adquiriu gosto pela leitura, não porque ela o torna mais inteligente, mas porque ler um livro é, segundo ele, a melhor forma de passar o tempo sem pensar em besteira. E para um homem com o extenso currículo de confusões de Roy, não pensar em besteira é um grande avanço.
Livro seminovo.