Sinopse
É a eterna paisagem humana o grande personagem deste canto à morte ou, na designação do autor, fandango de matar morte. Fausto Wolff escreveu seu canto lírico de acentos épicos, no rastro das cantilenas medievais, das canções de gesta, das cantigas de amigo. Ao apropriar-se da imagem do gaiteiro, do gaúcho cantor, a força telúrica o aproxima, por vezes, do Martin Fierro, muito embora o gaúcho de Fausto cante um outro mundo, em que os paradigmas se encontram no charco com seus chifres de papel e cascos de algodão. Se a sua face mais aguda e lancinante pode, às vezes, se esconder em pequenos jogos quase herméticos, ele logo adiante acaba montando o quebra-cabeça a fim de tornar nítido e claro o desenho. Escritor ao rés-do-chão que procura entender a máquina do mundo nas coisas simples e passageiras, assim como nos seus conflitos. dá à poesia de Fausto Wolff um rumo imprevisto, distanciando um pouco seu autor daquele humor satírico e epigramático de Cem Poemas de Amor e uma Canção Despreocupada e O Pacto de Wolffenbüttel e a Recriação do Homem. Contudo, um certo adensamento de matéria em O Pacto... parece prenunciar esta sinfonia mítico-metafísica de Gaiteiro Velho. Da mesma forma, ele agora também se deixa impregnar pelo clima onírico de certos contos de O Homem e seu Algoz e por algumas sombras da agonia, ferozes e assustadoras, sublimadas nos movimentos marítimos de À Mão Esquerda.