HOMINESCÊNCIAS: O COMEÇO DE UMA OUTRA HUMANIDADE?
Michel Serres
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Sinopse
Hominescência, neologismo criado por Michel Serres, designa a emergência hominiana. Acometidos por várias experiências de morte, estamos agora empenhados em garantir a vida eterna pelo progresso de biotecnologias replicadoras, que pretendem controlar mutações e processos vitais. Se a evolução sempre se processa por perdas e ganhos, ela acaba por esculpir os corpos dos vivos por meio da morte. Essa afirmação fecunda o ensaio como um todo. Nunca dispusemos de tantos meios para melhorar o mundo e, mesmo assim, não o fazemos. Devemos agora necessariamente pensar global e agir local. Devastamos os ecossistemas de tal maneira que hoje, no início do século 21, vivemos sem garantias futuras de usufruir de águas, terras e ares, a não ser que uma antropolítica preservacionista e sustentável seja posta em marcha. Acredito que seja esse o sentido da hominescência: uma esperança que se mescla com inquietudes generalizadas e medos recalcados diante da iminência de uma guerra total. Esse amplo objetivo é estruturado em cinco blocos - Mortes, Corpo, Mundo, Outros e Paz. Hominescências obriga-nos a uma meditação sobre os destinos de nossos corpos e os desatinos de nosso mundo. Se assistimos agora ao fim de um ciclo cultural, como pretende Michel Serres, novos sujeitos hominescentes tornam-se responsáveis diretos pelo advento de uma sociedade-mundo solidária, regeneradora da dignidade humana do planeta, nossa habitação comum, nossa Terra global.