O ROMANTISMO E A IDÉIA DE NAÇÃO NO BRASIL (1830-1870)

Em constituir o mecanismo da representação política e em naturalizar a forma romanesca, não haverá identidade na diferença? Se há, ela se deve principalmente ao feto de que não é possível construir Estado-Nação no trópico sem se apropriar da cultura européia e que a própria gestação daquele é um caso particular de importação e recriação desta. É esse o ponto de partida deste belo livro de Bernardo Ricupero, que reexamina o papel do romantismo na construção da idéia de nação no Brasil. O seu objeto são menos as realizações literárias dessa corrente artística do que o seu programa "político". O fio condutor é tratar a cultura como um processo de criação de instituições, o romantismo sendo apreendido tanto no que diz como no que não diz. Mas aqui a valorização do índio e a ausência de tratamento da questão do negro e da escravidão não se apresentam como hipocrisia, artificialidade ou mistificação, mas como forma de consciência social, ilusão socialmente necessária.